La strada (Brasil: A estrada da vida / Portugal: A estrada) é um filme italiano de 1954, do gênero drama, dirigido por Federico Fellini, que tem um roteiro co-escrito por Fellini com Tullio Pinelli e Ennio Flaiano. A trilha sonora é do compositor Nino Rota, habitual colaborador de Fellini. O filme conta a história de Gelsomina, uma pobre jovem (Giulietta Masina) comprada de sua mãe por Zampanò (Anthony Quinn), um homem forte e brutal que a leva para trabalhar ao lado dele. La strada insere-se no movimento neorrealista, que retrata a Itália do pós-guerra, decadente e pobre. Esta estética também está presente em outros trabalhos de Fellini, como Luci del varietà (1950), Lo sceicco bianco (1952), I vitelloni (1953) e Le notti di Cabiria (1957).
O processo de desenvolvimento foi longo e tortuoso; houve vários problemas durante a produção, incluindo suporte financeiro inseguro, elenco problemático e vários atrasos. Pouco antes de a produção terminar as filmagens, Fellini sofreu um colapso nervoso que exigiu tratamento médico para que pudesse concluir a fotografia principal. A reação inicial da crítica ao filme foi polarizada, e a exibição do filme no Festival de Cinema de Veneza foi ocasião para uma controvérsia amarga que se transformou em uma briga pública entre os apoiadores e os haters de Fellini; mesmo assim ganhou o Oscar de Melhor filme estrangeiro. Ao passar dos anos o filme adquiriu status de cult sendo considerado uma das melhores obras do neorrealismo.
Sinopse
Gelsomina (Giulietta Masina) é vendida pela mãe para o brutamonte Zampanò (Anthony Quinn), estrela de um número em que arrebenta correntes amarradas em seu corpo. A jovem auxilia Zampanò e passa a também ser apresentar como palhaça, seguindo o estilo de Chaplin. A garota é constantemente maltratada pelo homem, que ainda a agride sempre que tenta fugir. Quando os dois se juntam a um circo, Gelsomina fica encantada com Bobo (Richard Basehart), provocando ciúmes em Zampanò.
Elenco
Giulietta Masina como Gelsomina.
Anthony Quinn como Zampanò.
Richard Basehart como Il Matto.
Aldo Silvani como Sr. Girafe, o dono do circo.
Marcella Rovere como "A viúva".
Livia Venturini como a irmã.
Goffredo Unger como o homem que segura Zampanó numa briga.
Produção
Pré-produção
O processo criativo de Fellini para La Strada começou com sentimentos vagos, "uma espécie de tom", disse ele, "que se escondia, o que me deixou melancólico e me deu uma sensação difusa de culpa, como uma sombra pairando sobre mim. Esse sentimento sugeria duas pessoas que ficam juntos, embora seja fatal, e eles não sabem por quê." Esses sentimentos evoluíram para certas imagens: neve caindo silenciosamente no oceano, várias composições de nuvens e um rouxinol cantante. Após isso, Fellini começou a desenhar essas imagens, tendência habitual que ele afirma ter aprendido no início de sua carreira, quando trabalhou em vários music halls provincianos e teve que esboçar os vários personagens e cenários. Finalmente, ele relatou que esta ideia "tem chance de sucesso" para ele quando desenhou um círculo em um pedaço de papel para representar a cabeça de Gelsomina, e ele decidiu se inspirar em Giulietta Masina, sua esposa na época, para compor a personagem: "Eu utilizei a Giulietta real, mas como eu a vi. Fui influenciado por suas fotos de infância, portanto, elementos de Gelsomina refletem uma Giulietta aos dez anos [de idade]".
A criação do personagem Zampanò veio da juventude de Fellini na cidade litorânea de Rimini. Morava ali perto um abatedor que era conhecido por ser bastante mulherengo: segundo Fellini, “Esse homem levou todas as meninas da cidade para a cama; uma vez deixou uma pobre idiota grávida e todos diziam que o bebê era filho do diabo". Em 1992, Fellini disse ao diretor canadense Damian Pettigrew que concebeu o filme ao mesmo tempo que o co-cenarista Tullio Pinelli em uma espécie de "sincronicidade orgiástica". Fellini escreveu o roteiro com Ennio Flaiano e Tullio Pinelli e o trouxe primeiro para Luigi Rovere, o produtor de Fellini em Lo sceicco bianco (1952). Quando Rovere leu o roteiro de La Strada, começou a chorar, aumentando as esperanças de Fellini, apenas para vê-las destruídas quando o produtor anunciou que o roteiro era uma grande literatura, mas que "como filme isso não daria lucro. E não é cinema". Quando estava totalmente concluído, o roteiro de Fellini tinha quase 600 páginas, com cada tomada e ângulo de câmera detalhados e preenchidos com notas e reflexões. O produtor Lorenzo Pegoraro ficou impressionado o suficiente para dar a Fellini um adiantamento em dinheiro, mas não concordou com a exigência de Fellini de que Giulietta Masina fosse protagonista.
Escolha de elenco
Fellini conseguiu mais financiamento por meio dos produtores Dino De Laurentiis e Carlo Ponti que queriam escalar Silvana Mangano (esposa de De Laurentiis) como Gelsomina e Burt Lancaster como Zampanò, mas Fellini recusou.
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/La_strada