Em uma noite quente no Rio de Janeiro, dois homens estão em busca de prazer e violência. Eles convidam duas prostitutas para acompanhá-los nessa arriscada e intensa aventura.
Direção: Luiz Rosemberg Filho
Elenco: Igor Cotrim, Alexandre Dacosta, Patrícia Niedermeier, Ana Abbott, Tonico Pereira, Jorge Caetano, Orã Figueiredo, Otávio Terceiro, Lucília de Assis, Cristina Mayrink
Roteiro: Luiz Rosemberg Filho
Em um momento de apatia geral da sociedade, Os Príncipes, de Luiz Rosemberg Filho chega como um retrato desesperado do opressor, como uma provocação para que se enxergue de maneira mais clara e chocante aqueles que, do topo, estão por trás de tudo o que destrói e contamina.
Baseado em um texto do diretor escrito na década de 1970, o longa-metragem, que choca por sua atualidade, é histérico e frenético. Seus protagonistas indigestos são tudo o que se abomina. Não há qualquer momento de alteração neste sentimento. Mais do que constante, a repulsa vai se multiplicando a cada novo movimento daqueles príncipes que tudo podem fazer e não precisam prestar qualquer satisfação sobre seus atos.
O mosaico de perversão e preconceito é construído de forma incômoda por uma câmara quase sempre na mão e leva para além da tela a gravidade da apatia de uma sociedade que sabe o que acontece, conhece seus detratores, mas apenas observa os fatos, num espelhamento do sentimento daqueles espectadores do filme.
É nesse incômodo instantâneo que Rosemberg aposta suas fichas e apoiado nele vai buscar as origens do descambar social que assola o país nos dias de hoje, chegando ao local que todos chegam quando param para pensar no assunto: a origem colonial.
Metaforicamente, a degeneração encontra seu espaço natural na interação com aqueles que pela primeira vez a realizaram/permitiram, indo além do que há de comum ao homem e alcançando algo pior na construção de uma corte inexistente, que confere poder e títulos ao que há de mais baixo em uma sociedade.
O desfile de personagens detestáveis e suas atrocidades, com um sem número de situações preconceituosas e machistas, chega ao fim gritando a realidade e carregado de desesperança. Porque, assim como antes, nada se move para que isso acabe.