Cinco contos de horror. Uma fazenda tomada por horrores há mais de duzentos anos. Cinco encontros com a morte. Um nó que não se desata.
Aproveitando uma trama criativa e original, o longa de terror é, na verdade, cinco contos unidos, que apesar de cada um possuir uma história própria e se passar em um ano distinto, todos funcionam como uma única unidade, com pequenas e macabras conexões entre si, mostrando o local onde a trama se passa em diferentes épocas, começando em 2018 e se encerrando em 1818, em um antigo engenho do Nordeste.
Apesar de ter o terror como pano de fundo, o foco principal dos pequenos filmes é criticar o histórico passado racista do Brasil e suas consequências, abordado de diversas formas, desde o homem branco que defende seu terreno abandonado com medo de que negros possam assumir o lugar, até fantasmas e zumbis que dominaram aquela terra amaldiçoada. O longa trata a questão do ponto de vista das vítimas, se preocupando em mostrar os absurdos pelos quais passaram. O que assusta é saber que todo aquele terror não existiu apenas na ficção e, o pior, não se extinguiu por completo até hoje.
O laço que emenda as histórias é coeso e criativo, o que se completa pelo elenco talentoso, que visivelmente se dedicou ao trabalho de retratar aquela realidade de forma fiel, além de veteranos como Zezé Motta, a estrela em ascensão Isabél Zuaa (‘As Boas Maneiras’) também brilha, mais uma vez. Mérito também da direção dos cineastas Ramon Porto Mota (Partes 1 e 5), Gabriel Martins, Ian Abé e Jhésus Tribuzi, que sabem extrair a dor dos atores e utilizar esse projeto como um experimento em que podem ousar em enquadramentos e narrativas diferentes, somados a uma fotografia lavada, que eleva o ar de antigo, durante o dia, e de medo e escuridão, durante a noite.